sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Não descarte a hipótese de eleição indireta

Quem diz:  Marcelo Issa, sócio-diretor da Pulso Público
Certamente, haverá ainda muita turbulência. A permanecerem as recentes e recorrentes divergências entre as instituições, em especial entre os poderes Legislativo e Judiciário, pode-se até mesmo vir a se estabelecer uma efetiva crise institucional. As perspectivas decorrentes dos conteúdos das delações premiadas que devem emergir em 2017 agravam e reforçam essa possibilidade. Esses conteúdos devem provocar também a substituição de uma quantidade expressiva de ministros ainda nos primeiros meses do ano.
Caso a conjuntura da economia não apresente sinais de recuperação, o setor produtivo pode vir a retirar o apoio às equipe econômica do governo Temer. Ademais, a proliferação de denúncias de corrupção contra o presidente e seus ministros deve intensificar a oposição da opinião pública à permanência do governo e pode fazer aumentar a frequência de manifestações nas ruas.
Nesse contexto, a fragilização do governo, a piora do cenário econômico e a insatisfação popular podem atingir tamanha intensidade que, embora resistente à renúncia, em função da proteção que o cargo oferece contra o processamento por crimes cometidos antes do mandato, o presidente pode ver-se constrangido a realizá-la.
Não se pode descartar, portanto, a hipótese de eleição indireta para presidente no próximo ano nem tampouco, embora mais improvável, o chamamento de eleição direta pelo Congresso para chefia do Executivo por meio de emenda constitucional. Por outro lado, entende-se que a cassação da chapa Dilma-Temer pelo Poder Judiciário em caráter definitivo é variável verossímil apenas em caso de agravamento  substancial da crise econômica e que, de qualquer modo, não teria resolução provável em 2017.

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