quinta-feira, 20 de abril de 2017

O feminismo brasileiro em 2017: correntes e ideias

   O movimento feminista é plural, formado por vozes que propõem diferentes formas de chegar a um mesmo objetivo: a igualdade de gênero. Há quem diga que o feminismo perde força na discordância de suas militantes, mas, por outro lado, é uma forma de garantir que todas as necessidades sejam ouvidas.

Correntes do feminismo

    Feminismo liberal
Para Itali, o feminismo liberal é uma porta de entrada. Seu principal foco é igualar direitos entre homens e mulheres, como o direito de estudar, de votar e de fazer as próprias escolhas. A liberdade sexual e a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho também são pautas muito discutidas.
As feministas liberais acreditam na conquista de direitos por vias legais e políticas. Portanto, a ascensão de mulheres no governo, meios de comunicação e cargos de liderança em empresas são fundamentais.

    Feminismo Interseccional
“No primeiro contato com o feminismo, estamos buscando liberdade e igualdade de direitos. Depois, damos mais um passo e entendemos qual o contexto de nossas escolhas. O interseccional é um aprofundamento muito interessante porque olha para essas características”, explica Itali.
O feminismo interseccional é considerado pós-moderno e engloba vários movimentos, como o feminismo negro e o transfeminismo. Para as feministas interseccionais, as mulheres não formam um grupo homogêneo e, por isso, são oprimidas em diferentes graus de intensidade. Homossexuais sofrem preconceito por sua orientação sexual, enquanto negras precisam lidar com o racismo, a solidão amorosa e também com as barreiras econômicas, já que cor de pele e classe social estão relacionados.

   Feminismo negro
O feminismo negro começou a ganhar força no Brasil durante os anos 1980, junto com o movimento negro. Durante a década seguinte, a terceira onda feminista deu voz para mais mulheres que não são brancas ou não fazem parte das camadas mais altas da sociedade.

  Transfeminismo
O transfeminismo é conduzido por mulheres transexuais, ou seja, mulheres que nasceram com a biologia masculina, mas têm identidade de gênero feminina. Elas buscam visibilidade dentro do movimento feminista e brigam inclusive pelo direito de sobreviver, já que pessoas transgênero são alvo constante de violência dentro da sociedade.

     Transfeminismo X Feminismo radical
Uma das principais lutas das transfeministas é pelo reconhecimento dentro do movimento feminista. Mas há um ponto de conflito com as radicais, que propõem a abolição das construções de gênero.
Vivyane explica: “para as radicais, o problema é que se construa um gênero. Elas repudiam a hierarquia e defendem que as pessoas possam se expressar sem a existência de um gênero. Por isso, não faria sentido uma mulher trans participar do movimento, já que essa mulher está adotando características femininas construídas socialmente”.
Muitas feministas radicais são vistas como transfóbicas. Além disso, parte delas não considera que a mulher trans tem legitimidade para fazer parte do movimento, já que nasceu com órgãos sexuais masculinos e foi criada como um menino na infância.

   Diversidade de opiniões
Mas afinal, a discordância é boa ou ruim? Para Itali, há dois lados. O negativo é que o estereótipo sempre ganha mais visibilidade e é pejorativo, enquanto assuntos importantes tratados dentro do movimento não recebem o espaço que deveriam na mídia.
O positivo é que a existência de diferentes pontos de vista nos leva a refletir sobre problemas que não fazem parte de nossa realidade, mas são igualmente importantes. “É muito bom que as radicais contestem o sistema de gêneros. Quando as radicais contestam a existência de crianças trans, isso me faz conversar com pessoas trans para entender o lado delas. A existência de visões diferentes dentro do feminismo te força a fazer análises mais complexas”, pontua a economista.

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